EN FR DE PT ES
EN FR DE PT ES
Chico foi o caçula de uma prole de quatro filhos de Rita e Francisco França. Quando nasceu, a irmã Goretti estava prestes a fazer quatro anos, Jamesson, seis, e Jefferson, oito. Herdou o bercinho cor-de-rosa que ficava no quarto dos pais, por onde todos os irmãos passaram. Os três irmãos foram dormir com a avó materna no segundo quarto da pequena casa.
Dona Rita costuma contar comovida que, ao sair da maternidade do Hospital Evangélico, no Recife, carregando o seu Chiquinho recém-nascido nos braços, precisou atravessar o rio Capibaribe de barco com a criança até a outra margem no bairro da Jaqueira. Foi o primeiro contato de Chico com os mangues do Recife, os mesmos que, anos depois, tornaram-se inspiração para o movimento cultural que ele fundou. Uma espécie de batismo de lama e água salobra no delta do icônico rio que sempre o encantou.
Chico nasceu Francisco de Assis França, no dia 13 de março de 1966, no início da ditadura militar, que se estendeu ainda por toda sua infância, adolescência e parte da juventude. A casa dos primeiros anos, no bairro de Santo Amaro, no Recife, era pequena e humilde – metade alvenaria, metade tábuas de madeira, que dividiam os cômodos interiores, através de meias paredes, que não alcançavam o teto de telhas inglesas. Chão de cimento queimado, lisinho, por onde nos primeiros anos Chiquinho deslizava seu velocípede, no trajeto do fundo da cozinha até a porta da sala. Viveu nessa casa uns três anos, quando suas crises de asma levaram a família a mudar transitoriamente para o município de Paulista, até a entrega da esperada ‘casa própria’, em um conjunto habitacional, no bairro de Rio Doce, em Olinda.

biografia

Em Rio Doce Chico cresceu, estudou, ‘pegou caranguejo, conversou com urubu’ e, em meio à atmosfera musical e política da sua casa, à ebulição do cotidiano na periferia e ao eco dos porões da ditadura, desenvolveu seu pensamento crítico, sua inquietação criativa e a poesia social que marca sua obra.
Como artista assinou Francisco, Chico, Chico Vulgo e por fim, Chico Science, o cientista dos ritmos. E antes de conceber a ideia do que viria a ser o movimento mangue, participou como vocalista em três projetos musicais: Orla Orbe, Bom Tom Rádio e Loustal.
Trabalhava na Emprel, uma empresa municipal de processamento de dados, quando conheceu Gilmar Bola 8. Gilmar apresentou Chico ao espaço cultural Daruê Malungo, no bairro de Peixinhos, em Olinda, onde ele ensaiava com o grupo de afroreggae Lamento Negro. Desse encontro nasceu Chico Science e Lamento Negro, embrião da Chico Science e Nação Zumbi. Com o tempo, e com a evolução do conceito de mangue como um movimento musical, outros músicos foram entrando e mudando a formação da banda, até a final: Chico, Jorge Du Peixe, Gilmar Bola 8, Toca Ogan, Gira, Dengue, Lúcio e Pupillo, que adicionou ao peso dos tambores, bateria e efeitos.
Às ideias iniciais, juntaram-se Fred 04, Renato L, Mabuse, Dolores e outros amigos empolgados e dispostos a contribuir para a construção de uma cooperativa artística e movimentar a cidade do Recife. Uma nova cena cultural surgia, e com ela o lançamento do “Manifesto Caranguejos Com Cérebro”, em 1992, escrito por Fred.
Liderado por Chico, o movimento mangue no Recife foi tão importante e agregador que em pouco tempo outros setores artísticos também foram sendo influenciados. Nas artes plásticas, no cinema e na moda, a cena também era uma referência. Um caldeirão criativo jamais antes visto fervia na “quarta pior cidade do mundo”. A mistura de uma música puramente brasileira, principalmente regional, com a música mundial, foi o mote certeiro de Chico na gênese da sonoridade da Nação Zumbi.
O coco de roda, o maracatu, a ciranda, a embolada e o samba aliados ao rock, hip-hop, funk e música eletrônica ganharam destaque nas suas composições, sempre muito bem temperadas de críticas sociais. A batida do mangue rapidamente conquistou admiradores, seguidores e reconhecimento na mídia nacional e internacional.
No dia 2 de fevereiro de 1997, Chico perde a vida em um trágico acidente de carro, exatamente no limite entre as cidades do Recife e de Olinda. De um lado o mangue, do outro o mar. Conduzido por Nanã e Iemanjá, o malungo deixa para além da saudade de sua figura cativante e genial, um legado histórico que seguirá sempre vivo, inspirando gerações.
Chico foi o caçula de uma prole de quatro filhos de Rita e Francisco França. Quando nasceu, a irmã Goretti estava prestes a fazer quatro anos, Jamesson, seis, e Jefferson, oito. Herdou o bercinho cor-de-rosa que ficava no quarto dos pais, por onde todos os irmãos passaram. Os três irmãos foram dormir com a avó materna no segundo quarto da pequena casa.
Dona Rita costuma contar comovida que, ao sair da maternidade do Hospital Evangélico, no Recife, carregando o seu Chiquinho recém-nascido nos braços, precisou atravessar o rio Capibaribe de barco com a criança até a outra margem no bairro da Jaqueira. Foi o primeiro contato de Chico com os mangues do Recife, os mesmos que, anos depois, tornaram-se inspiração para o movimento cultural que ele fundou. Uma espécie de batismo de lama e água salobra no delta do icônico rio que sempre o encantou.
Chico nasceu Francisco de Assis França, no dia 13 de março de 1966, no início da ditadura militar, que se estendeu ainda por toda sua infância, adolescência e parte da juventude. A casa dos primeiros anos, no bairro de Santo Amaro, no Recife, era pequena e humilde – metade alvenaria, metade tábuas de madeira, que dividiam os cômodos interiores, através de meias paredes, que não alcançavam o teto de telhas inglesas. Chão de cimento queimado, lisinho, por onde nos primeiros anos Chiquinho deslizava seu velocípede, no trajeto do fundo da cozinha até a porta da sala. Viveu nessa casa uns três anos, quando suas crises de asma levaram a família a mudar transitoriamente para o município de Paulista, até a entrega da esperada ‘casa própria’, em um conjunto habitacional, no bairro de Rio Doce, em Olinda.
Sobre fundo amarelo, recortes de manuscritos, documentos e fotografias que se intercalam com o conteúdo. Do topo para baixo: recortes de manuscritos em amarelo e branco: “Meu nome é Francisco” ; “Mas me apelidaram de Science” ; “Chico Science – Cientista Musical Deptº de Música Quântica”; Uma marca d’água de a digital do dedo polegar tem linhas finas vermelhas; recorte de documentos em tons amarelados: “Nome: Francisco de Assis de França. Endereço: Rua do girassol, II etapa Rio Doce, Olinda – PE. Ident. 2 306”, acompanhado de uma fotografia 3x4 amarelada de Chico. Ele tem a pele clara, cabelo preto curto com entradas nas laterais, sobrancelhas largas, costeletas compridas e olhos escuros; recorte de documento preto na vertical: “Data de nascimento: 13.03.1966”.

biografia

Em Rio Doce Chico cresceu, estudou, ‘pegou caranguejo, conversou com urubu’ e, em meio à atmosfera musical e política da sua casa, à ebulição do cotidiano na periferia e ao eco dos porões da ditadura, desenvolveu seu pensamento crítico, sua inquietação criativa e a poesia social que marca sua obra.
Como artista assinou Francisco, Chico, Chico Vulgo e por fim, Chico Science, o cientista dos ritmos. E antes de conceber a ideia do que viria a ser o movimento mangue, participou como vocalista em três projetos musicais: Orla Orbe, Bom Tom Rádio e Loustal.
Trabalhava na Emprel, uma empresa municipal de processamento de dados, quando conheceu Gilmar Bola 8. Gilmar apresentou Chico ao espaço cultural Daruê Malungo, no bairro de Peixinhos, em Olinda, onde ele ensaiava com o grupo de afroreggae Lamento Negro. Desse encontro nasceu Chico Science e Lamento Negro, embrião da Chico Science e Nação Zumbi. Com o tempo, e com a evolução do conceito de mangue como um movimento musical, outros músicos foram entrando e mudando a formação da banda, até a final: Chico, Jorge Du Peixe, Gilmar Bola 8, Toca Ogan, Gira, Dengue, Lúcio e Pupillo, que adicionou ao peso dos tambores, bateria e efeitos.
Às ideias iniciais, juntaram-se Fred 04, Renato L, Mabuse, Dolores e outros amigos empolgados e dispostos a contribuir para a construção de uma cooperativa artística e movimentar a cidade do Recife. Uma nova cena cultural surgia, e com ela o lançamento do “Manifesto Caranguejos Com Cérebro”, em 1992, escrito por Fred.
Liderado por Chico, o movimento mangue no Recife foi tão importante e agregador que em pouco tempo outros setores artísticos também foram sendo influenciados. Nas artes plásticas, no cinema e na moda, a cena também era uma referência. Um caldeirão criativo jamais antes visto fervia na “quarta pior cidade do mundo”. A mistura de uma música puramente brasileira, principalmente regional, com a música mundial, foi o mote certeiro de Chico na gênese da sonoridade da Nação Zumbi.
O coco de roda, o maracatu, a ciranda, a embolada e o samba aliados ao rock, hip-hop, funk e música eletrônica ganharam destaque nas suas composições, sempre muito bem temperadas de críticas sociais. A batida do mangue rapidamente conquistou admiradores, seguidores e reconhecimento na mídia nacional e internacional.
No dia 2 de fevereiro de 1997, Chico perde a vida em um trágico acidente de carro, exatamente no limite entre as cidades do Recife e de Olinda. De um lado o mangue, do outro o mar. Conduzido por Nanã e Iemanjá, o malungo deixa para além da saudade de sua figura cativante e genial, um legado histórico que seguirá sempre vivo, inspirando gerações.
Chico e seus amigos: Jaelson, Sandro, Jorge e Cícero (da esquerda para a direita), na casa de seus pais, em Rio Doce, onde viveu a maior parte de seus anos.
Pular para o conteúdo